Você sabia que enquanto as mulheres são mais propensas a desenvolver câncer de mama, os homens também podem desenvolver câncer de mama? Este tema é pouco explorado e, para tornar essa informação disponível para mais pessoas, vamos discutir agora o câncer de mama em homens e pessoas transgênero.
Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o termo “câncer de mama” costuma estar associado apenas ao grupo feminino, mas os tumores acometem outros grupos, como os homens, por exemplo, em 1% dos casos. Embora as mulheres cisgênero sejam as mais acometidas pela doença, com mais de 65 mil novos diagnósticos a cada ano, é importante lembrar que o câncer de mama também atinge pessoas transgênero.
A mensagem pode ter implicações para muitos, principalmente porque os fatores socioculturais se concentram apenas no público feminino, já que a doença tem maior prevalência nesse grupo.
Se você quer saber mais sobre essa história, veio ao lugar certo. Forneceremos informações úteis a todos os profissionais de saúde.
Câncer de mama em homens e transgêneros
Estima-se que a cada 100 novos diagnósticos de câncer de mama em mulheres, um em homens seja diagnosticado. Essa taxa varia de 0,8% a 1,0% do total de casos de câncer de mama.
No entanto, este número tem aumentado nos últimos anos. O Brasil não possui dados confiáveis sobre isso, mas no caso dos Estados Unidos, uma comparação pode ser feita. Na década de 1970, 700 novos casos foram relatados a cada ano. Agora, esse número saltou para 1.500 casos.
A idade média dos homens com câncer de mama é de 58 anos. Preocupante, no entanto, o diagnóstico só ocorre por volta dos 67 anos, que é 5 anos mais velho do que a idade média de diagnóstico para as mulheres.
De acordo com pesquisas recentes, esses dados são um sinal de alerta, pois indicam um atraso no diagnóstico. Isso significa tratar a doença quando ela já está em estágio avançado. O tempo decorrido entre os primeiros sintomas até a procura de atendimento médico varia de 19 a 37 meses.
Dificuldades de diagnóstico
A principal razão para o diagnóstico tardio do câncer de mama masculino são os fatores culturais. Primeiro, os homens são desencorajados a procurar atendimento quando apresentam sintomas ou sinais de saúde não saudável.
A demora na procura de atendimento deve-se ao conceito de não vulnerabilidade, que leva a sentimentos de força e resistência devido à condição da pessoa.
Da mesma forma, os homens procuram cuidados médicos com menos frequência porque não podem tirar uma folga para procurar cuidados preventivos. As buscas foram realizadas apenas se a doença já estivesse presente ou se os sintomas interferissem em sua atuação profissional.
Outro fator que dificulta o diagnóstico precoce do câncer de mama em homens é o fato de se concentrar na população feminina. Não só pela ocorrência frequente, mas também pela necessidade das mulheres em condições reprodutivas: como pais, é necessário ter filhos saudáveis.
Fatores de risco, diagnóstico e tratamento
As mamas em homens e mulheres não são muito diferentes, só que as mulheres se desenvolvem mais após a puberdade devido à ação hormonal. Anatomicamente, os seios masculinos não são desenvolvidos, mas consistem em tecido adiposo e fibroso, pequenos ductos e gordura.
Basicamente, a mama de um homem é uma parte proeminente do contorno do peitoral maior e possui uma pequena quantidade de tecido glandular, tornando o local vulnerável ao desenvolvimento de células tumorais.
As manifestações clínicas do câncer de mama em homens incluem espessamento do tecido mamário, geralmente na região retroareolar, retração da pele, presença de nódulos sólidos, secreção papilar sanguinolenta e até úlceras.
Além da ressecção cirúrgica dos nódulos detectados, o diagnóstico requer o uso de exames de imagem, como mamografia e ultrassonografia, e biópsia aspirativa por agulha fina ou biópsia de fragmento por agulha grossa.
Os tratamentos usados são os mesmos usados para o câncer de mama em mulheres, incluindo radioterapia, quimioterapia ou terapia hormonal. Ainda não existe um programa específico para o câncer de mama masculino.
Segundo a pesquisa, os principais fatores de risco para câncer de mama em homens incluem insuficiência hepática, terapia hormonal, tumores testiculares ou trauma na área, tumores de próstata, orquite, obesidade, síndrome de Klinefelter, ginecomastia e orquite.
E, é importante dizer que, não importa o que aconteça, é importante estar atento às demandas emocionais que acompanham o diagnóstico de câncer de mama. Embora envolva questões mais óbvias no caso das mulheres, os homens também precisam desse apoio.
Câncer de mama em pessoas trans
Um estudo de 2019 afirmou que apenas 23 casos de câncer de mama foram relatados em mulheres transgênero (indivíduos do sexo masculino que se identificam como mulheres). Além disso, 16 casos de câncer de mama foram relatados em homens transgêneros (indivíduos do sexo feminino que se identificam como homens).
Essas descobertas estão alinhadas com as taxas mais baixas de cânceres comuns entre pessoas transgênero.
Os exames regulares de câncer de mama são recomendados para mulheres trans e homens trans não mastectomizados entre 50 e 69 anos. Esses exames também são recomendados para mulheres cisgênero que não têm histórico familiar de câncer de mama.
As mulheres transexuais se expõem a um risco maior de desenvolver câncer de mama devido ao fato de receberem impulso hormonal extra da terapia hormonal.
Já os homens transexuais estão expostos fisiologicamente ao estrógeno, já que nasceram com características do sexo feminino. No entanto, ainda há fator de risco caso não sejam mastectomizados. Neste último caso, a mastectomia diminui o risco de desenvolvimento do câncer de mama, mas não anula por completo o surgimento da doença, devido ao tecido residual que continua vulnerável.